HISTÓRIA E ORIGEM DA HOMEOPATIA,A ARTE MÉDICA DE CURAR

HISTÓRIA E ORIGEM DA HOMEOPATIA

Especialidade médica pode oferecer cura eficaz e segura
A Homeopatia é uma especialidade médica que foi criada no final do século XVIII, por um médico alemão, chamado Samuel Hahnemann, que viveu mais de 88 anos - o que era extremamente raro nessa época. Ele nasceu em 1755 e faleceu em 1843, tendo passado a maior parte deste tempo na Alemanha, que não era um país unificado, mas um amontoado de cidades-estados que frequentemente enfrentavam-se em disputas de poder, e que depois foram todas dominadas por Napoleão e seu exército.
Nos últimos anos de sua vida, o especialista desfrutou da fama e expandiu o nome da Homeopatia em Paris, à época a cidade mais importante culturalmente no mundo, o farol para onde todas as mentes em busca de conhecimento e novidades voltavam-se avidamente. Uma época em que a medicina que era praticada habitualmente nos hospitais e consultórios, mais matava do que curava, sendo a maior parte dos tratamentos extremamente agressivos.

HOMEOPATIA: A ARTE DE CURAR

Homeopatia é uma palavra que significa "a cura pelos semelhantes". Estudando sobre a farmacologia da quinina, Samuel Hahnemann desconfiou da explicação dada pelo autor para a ação do medicamento sobre a malária. Essa doença apresenta episódios de febre que são intercalados com períodos em que o paciente parece estar muito bem. Samuel começou a tomar a quinina e apresentou os sintomas da malária. Pediu que alguns amigos também tomassem e eles também apresentaram esses sintomas. Ele concluiu que aquela substância que é capaz de causar determinados sintomas numa pessoa saudável, é capaz de curar uma pessoa doente que apresente esses mesmos sintomas.
Este é o princípio da semelhança ou similitude, que é a base da Homeopatia. Assim, as substâncias são experimentadas por pessoas saudáveis, que registram todas as alterações que sentiram, tanto físicas quanto emocionais. Depois de compilados, esses dados oferecem uma ideia do que esta substância é capaz de curar em pessoas doentes. Este é um processo realizado até hoje, e novos medicamentos homeopáticos são ainda descobertos, seguindo os passos deixados por Hahnemann.
A Homeopatia é capaz de tratar qualquer doença curável ou reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais, como a quimioterapia e a radioterapia, aplicadas no caso do câncer. É um tratamento que pode ser adotado por pessoas de qualquer idade, sendo ideal para bebês, grávidas e idosos, pela baixíssima ocorrência de efeitos adversos.
Esta é a história de um homem que criou uma ciência de curar eficaz, rápida e segura, partindo unicamente de fatos, os quais ele observava atentamente para só depois deles extrair hipóteses e teorias. É a história de um homem obstinado, quase arrogante, que não se curvou ao senso comum nem para evitar sua fome e a de sua numerosa família. Um homem que defendeu arduamente o ideal de curar sem prejudicar, contra uma classe médica irada que não podia aceitar que este médico de origem humilde fosse ensinar-lhes uma nova arte e ciência de curar. Um homem que até seus últimos dias cuidou de aprimorar seu legado maior à humanidade, a Homeopatia.
Hoje a Homeopatia sobrevive e expande-se pelo mundo todo, mas nada disso teria ocorrido se seu visionário fundador tivesse sido mais complacente com seus pares da época. O ódio que os seus opositores lhe nutriram abertamente em vida, hoje foi amplamente sobrepujado pelo amor e gratidão de milhões de médicos homeopatas e pacientes beneficiados pela Homeopatia.
*Médico graduado pela UFRJ. Começou a carreira como Psicanalista e depois enveredou pela Homeopatia e Acupuntura. Ministra oficinas e palestras em todo o Brasil e atende em consultório no RJ.

História da Homeopatia

Homeopatia é Medicina. Só que uma Medicina um pouco diferente...
Ela foi criada e desenvolvida pelo médico alemão Christiano Frederico Samuel Hahnemann, há quase 200 anos.

Inconformado com os métodos terapêuticos agressivos empregados naquela época, sem nenhuma base científica e incapazes de proporcionar saúde aos doentes, Hahnemann abandonou o exercício da medicina após 10 anos de carreira e passou a viver de traduções, por ser um profundo conhecedor de vários idiomas. Foi traduzindo uma matéria médica sobre uma substância chamada China (Chinchona), usada para curar a malária, e discordando das explicações sobre os seus efeitos, é que ele teve a idéia e a iniciativa de experimentar essa substância em si mesmo. Assim, descobriu qualidades curativas da China e comprovou a lei de cura pelos semelhantes, já descrita por Hipócrates, o “Pai da Medicina”. Foi então que Hahnemann elaborou o Organon da Arte de Curar, livro onde se encontram registradas as bases de sua Arte Médica, um sistema terapêutico mundialmente reconhecido.

A homeopatia é, portanto, uma ciência que surgiu da observação de fatos. Essa forma de tratamento colabora com as vias naturais de cura do organismo e baseia-se numa lei da natureza, denominada Lei dos Semelhantes.

A prática homeopática chegou ao Brasil no dia 21 de novembro de 1840, graças ao médico francês Jules Benoit Mure. Nesta data se comemora, no País, o “Dia da Homeopatia”.
 

Significado da lei dos Semelhantes

Toda substância capaz de provocar determinadas alterações (sintomas) em uma pessoa sadia é capaz de curar essas mesmas manifestações, quando apresentadas por uma pessoa doente, após passar por um processo especial de preparação.

Por exemplo: o medicamento homeopático Coffea cruda (café) é utilizado para curar insônia, porque pode causar insônia em determinados indivíduos.
Uma pessoa intoxicada por arsênico (veneno), apresenta náuseas e vômitos. Por essa razão, o medicamento homeopático Arsenicum Álbum é utilizado em pacientes com náuseas e vômitos.
 

Como a homeopatia vê cada pessoa?

Para a Homeopatia, cada pessoa é única, isto é, não se divide.

Ela trata o doente levando em conta não só suas queixas físicas mas, principalmente, o modo como pensa, seus hábitos, predisposições herdadas dos familiares, a maneira como reage aos acontecimentos da vida... Enfim, a Homeopatia tenta conhecer a totalidade da pessoa, ou seja, suas qualidades características.

Os seres humanos são diferentes uns dos outros e, portanto, possuem energias diferentes. Por isso, o medicamento homeopático que atua de modo favorável em uma pessoa pode não atuar, ou atuar de modo desfavorável em outra pessoa.

Ao contrário da medicina convencional, onde uma mesma doença em pacientes diferentes pode ser combatida com a mesma medicação, na Homeopatia, mesmo em se tratando de um problema comum, a terapia varia de acordo com as reações próprias de cada indivíduo.

Como é o tratamento homeopático?

A homeopatia trata os doentes com base na filosofia vitalista, levando em consideração que toda pessoa possui uma energia que a mantém viva – a chamada energia vital. Essa energia vem do Universo e mantém o funcionamento harmônico de todo o organismo no estado de saúde. Quando a energia vital não está em equilíbrio, fica-se doente.

O desequilíbrio dessa energia manifesta-se no corpo e na mente. Observe todas as mudanças que ocorrem quando se fica doente: humor, disposição, ânimo, apetite, sono, sede, transpiração, funcionamento dos intestinos, etc.

Não há doença do corpo que não afete a mente, nem doença da mente que não afete o corpo. Corpo e mente são inseparáveis.

Várias técnicas alternativas de tratamento – como Do-in, Acupuntura, Quiropatia – também se baseiam na existência dessa energia. A alimentação macrobiótica, que parte da teoria da energia positiva e negativa dos alimentos, também se enquadra nesse quadro.

Quais são as principais diferenças entre a Homeopatia e a Medicina comum (alopatia)?

A Homeopatia cura pelos semelhantes. O tratamento visa o indivíduo como um todo, analisando corpo e mente. A Homeopatia trata o doente e não só a doença do momento.

A palavra alopatia também é de origem grega e significa cura pelos contrários. Se você tem uma febre, toma um remédio contra febre (antitérmico); um analgésico contra a dor; um antibiótico contra infecção. O tratamento visa principalmente a doença. Por exemplo: se o paciente tem uma erupção, usa pomada de corticóide e a erupção desaparece. Está, portanto, curado.

As experimentações científicas, na Homeopatia, são realizadas em pessoas sadias, enquanto que a alopatia geralmente utiliza pessoas doentes e animais.

As doses das substâncias utilizadas na alopatia encontram-se no limite da toxidade, quase sempre produzindo efeitos colaterais. As substâncias agem por quantidade de massa (matéria).

A Homeopatia utiliza as substâncias em doses mínimas e os medicamentos agem de forma energética, sem produzir toxidade.
 

O que a Homeopatia trata?

A Homeopatia não se aplica apenas a casos mais leves ( como resfriados), a doenças crônicas persistentes, alergias, etc. Ela trata, também, moléstias agudas e infecções, sendo útil em queimaduras, ferimentos e em primeiros-socorros. O uso de medicamentos não substitui as práticas padronizadas de primeiros-socorros, nem os cuidados médicos apropriados.

Mas é importante lembrar: a Homeopatia não faz milagres. Só cura o que for curável! Por exemplo, algumas doenças surgem no momento da concepção (fecundação do óvulo pelo espermatozóide), como a hemofilia e a Síndrome de Down. São as chamadas doenças hereditárias. Essa condição é como a cor dos olhos: não se pode mudar. Mas o tratamento homeopático pode diminuir a predisposição desses pacientes a ficarem doentes.

Nas doenças chamadas profissionais, como o saturnismo (intoxicação pelo chumbo), silicose (doença dos trabalhadores que atuam junto às pedreiras), etc. o tratamento homeopático pode ser muito útil. De qualquer forma, há necessidade de serem mudadas as condições de trabalho.

Nas doenças carenciais – isto é, aquelas provocadas pela dificiência de vitaminas, proteínas, minerais, etc., como escorbuto (deficiência de vitamina C) ou má nutrição protéico-calórica -, o principal tratamento é o próprio alimento. Por isso é importante uma alimentação equilibrada e saudável.

As doenças parasitárias são conseqüência da falta de higiene e saneamento. O medicamento homeopático pode equilibrar o organismo, expulsando esses parasitas. Mas não se pode reverter essa situação social. Em alguns lugares, essas doenças são condições permanentes, endêmicas, de difícil controle, tanto pelo método homeopático, como pelo alopático.

Nos casos de maior urgência, quando está em jogo a vida do paciente (asfixia, grandes hemorragias e situações de emergência cirúrgica) e não há tempo para a ação do remédio homeopático, deve-se recorrer ao arsenal terapêutico convencional.

Enfim, o tratamento homeopático pode ser útil, sozinho ou associado ao tratamento convencional, para todos os doentes.

O tratamento homeopático é sempre lento?

Nem sempre o tratamento homeopático é lento. Depende da doença e do paciente. Há doenças que se desenvolvem de maneira rápida – são as doenças agudas, que podem ser tratadas também de forma rápida. E outras que se manifestam lentamente – as doenças crônica -, curadas de forma mais lenta.

A duração do tratamento depende da idade do paciente, do tempo da doença e dos tratamentos a que a pessoa foi submetida anteriormente.

Durante o tratamento das doenças crônicas, pode haver períodos de melhora ou de piora, considerados absolutamente normais.

Os sintomas vão ficando cada vez mais fracos, até desaparecerem por completo.


Quem é o médico homeopata?

O médico homeopata é um médico igual aos outros. Só que, após a Faculdade de Medicina, ele freqüenta um curso de pós-graduação em Homeopatia, com duração de 3 anos.

A cada dia aumenta o número de médicos e de outros profissionais de Saúde (dentistas, veterinários, farmacêuticos, etc) interessados em conhecer, estudar e aplicar a Homeopatia.

Atualmente, existem cursos de Especialização em Homeopatia em quase todos os Estados brasileiros.

Essa especialidade médica já faz parte do currículo de algumas faculdades.

Como são os medicamentos homeopáticos?

Todos os medicamentos homeopáticos saem da natureza, isto é, dos reinos animal (por exemplo, Apis mellifica – abelha, Lachesis veneno de cobra surucucu), vegetal (Belladona atropa – planta, Lycopodium, Aurum metallicum – ouro, etc) e não fazem mal às pessoas. Já foram testados, até hoje, cerca de 3 mil medicamentos.

Eles são preparados de tal maneira que liberam sua energia curativa. Esse processo chama-se dinamização (diluição e agitação das substâncias) e está representado por letras e números que aparecem ao lado do nome dos medicamentos.

Os medicamentos têm várias formas de apresentação: líquidos, glóbulos, pastilhas, pó (papel), tabletes.

Evite pegar os glóbulos com as mãos.

Utilize a tampa para levar à boca.

Não se deve mastigar os medicamentos. Deixe-os dissolver lentamente na boca.
 

Pode-se tomar medicamentos por conta própria?

Geralmente as pessoas se automedicam, influenciadas pela propaganda abusiva de medicamentos. Trata-se de hábito de grande risco, que pode causar sérios danos à saúde.

Tanto no caso da alopatia, como da Homeopatia, os pacientes só devem utilizar os remédios indicados pelo médico.

Os pacientes muito medicados, tanto por substâncias alopáticas como homeopáticas, são de difícil controle.

Para receber o remédio certo para cada situação, é necessário primeiro consultar o médico homeopata.

Vantagens da Homeopatia

  • Proporciona cura rápida, suave e duradoura.
  • Não causa intoxicação medicamentosa.
  • Estimula as reações de defesa do organismo.
  • Valoriza a pessoa como um todo e não apenas os sintomas da doença.
  • Pode impedir ou retardar a manifestação de doenças hereditárias.
  • Reduz a predisposição às moléstias.
  • É capaz de evitar cirurgias de amígdalas, adenóides, hemorróidas, etc.
  • Atende casos com diagnóstico não esclarecido pela Medicina convencional.
  • É capaz de identificar e restabelecer o organismo doente antes que surjam lesões em órgãos e tecidos, valorizando os sintomas mentais e sensações, os primeiros a surgir quando se fica doente.
  • Possibilita a reação do organismo como um todo.
  • Promove a Saúde.

Cuidado!

  1. Não utilize medicação homeopática sem orientação médica. A mesma recomendação se aplica à repetição de remédios, em qualquer que seja a situação. É que a substância, que antes causou o bem-estar, também pode atrapalhar o tratamento atual, se for utilizada antes que esteja esgotada sua ação no organismo.
  2. Jamais utilize medicamentos indicados por outras pessoas. Cada organismo é único e o tratamento homeopático respeita essa individualidade.
  3. Ao comprar um medicamento homeopático, não aceite sugestão para substituí-lo por outro. Procure outra farmácia.
  4. Durante o tratamento homeopático, não use preparados à base de cânfora (Vick Vaporub, Gelol, pomada Minâncora, etc), xampus anticaspa, desodorantes antitranspirantes e pomadas que tenham em sua fórmula antibióticos ou cortisona.
  5. Evite qualquer tipo de estimulante durante o tratamento das doenças crônicas ( café, chá-mate em excesso, bebidas alcoólicas, tóxicos, etc.)
  6. Não suspenda o medicamento alopático de forma brusca, sem consultar seu médico homeopata.
Fonte:http://www.aph.org.br/

A Ciência e a Homeopatia I – Breve História da Homeopatia

Celebra-se esta semana, de 14 a 21 de Junho, a Semana da Consciencialização da Homeopatia (no original: Homeopathy Awareness Week), promovida pela organização inglesa The Society of Homeopaths. Esta ocasião parece-nos ser ideal para iniciar uma série de posts dedicados a esta variedade de pseudo-medicina (ou medicina alternativa, como gostam de lhe chamar os seus adeptos). E vamos começar pelo princípio: pela sua história e fundamentos.
Estes posts serão, em grande medida, baseados no artigo Homeopathy and Science: A Closer Look, da autoria de David W. RameyM. Wagner, R. H. Imrie e Victor J. Stenger [1]. A Comcept agradece, portanto, aos autores a autorização para traduzir e publicar vários trechos deste texto.
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Desde o seu nascimento, há mais de 200 anos, a homeopatia tem tido momentos de maior ou menor popularidade. O aparente ressurgimento nos nossos dias reavivou a discussão sobre se os preparados homeopáticos são eficazes no tratamento de alguma doença ou se não passam de elaborados placebos. A discussão decorre, não só no campo da medicina humana mas também na veterinária, e parece enfrentar os proponentes da homeopatia com aqueles que apenas confiam em provas firmes de eficácia antes de adoptarem qualquer tipo de terapia.
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História da Homeopatia
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Museum für saechsische Vaterlandskunde
Samuel Hahnemann (Crédito: Museum für saechsische Vaterlandskunde, 1837)
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O médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843) é geralmente reconhecido como sendo o fundador e impulsionador da homeopatia, embora alguns dos  conceitos por ele usados tenham aparecido bem mais cedo na história da medicina.[2] Descontente com o estado da medicina naquela época, que incluía sangrias, purgas, aplicação de ventosas e doses excessivas de mercúrio, ele abandonou a prática médica em 1782 e começou a traduzir textos sobre medicina e química. Foi durante esta altura que ele aparentemente começou a questionar seriamente os mecanismos de acção dos medicamentos propostos pelos seus contemporâneos.
Hahnemann seguia uma tradição que via a doença como sendo um problema da força vital ou do espírito (corrente conhecida como vitalismo). O conceito de espírito vital parece ser uma das especulações mais antigas da história médica e forças semelhantes constituem a base para as propostas de vários tipos de práticas médicas metafísicas. Alegadamente, é uma “força” imaterial que sustenta a vida e para a qual não há qualquer evidência objectiva.[3] Segundo Hahnemann,
“As causas das nossas maleitas não podem ser materiais, visto que qualquer substância material alheia, por inócua que nos pareça ser, se for introduzida nos nossos vasos sanguíneos, é rapidamente rejeitada pela força vital, como se de um veneno se tratasse…resumindo, nenhuma doença é causada por qualquer substância material, mas toda a doença é apenas e sempre uma peculiar, virtual e dinâmica perturbação da saúde.”[4]
Consistente com esta filosofia é também a crença de que é mais importante prestar atenção aos sintomas do que às causas externas da doença. Conhecendo os sintomas específicos da doença, pode-se depois simplesmente estabelecer o tratamento procurando uma substância ou substâncias que induziram os mesmos sintomas num indivíduo saudável. É nesta base que se assenta o “Princípio da Similitude” de Hahnemann. Naquela altura, os trabalhos de Pasteur e Koch sobre inoculações feitas com pequenas quantidades de agentes microbianos enfraquecidos parecia apoiar esta ideia.
Hahnemann e os seus seguidores começaram então a testar neles próprios os efeitos de quase 100 substâncias, um processo conhecido como “prova”. O procedimento típico consistia na ingestão de uma pequena quantidade de uma determinada substância por uma pessoa saudável; depois, essa pessoa devia cuidadosamente tentar notar qualquer reacção ou sintoma que ocorressem (incluindo reacções emocionais ou mentais). Através deste método, Hahnemann e os seus seguidores “provavam” que essa substância era um remédio eficaz para um sintoma em particular. Deveria ser incontestável que tal método de determinação da eficácia de um tratamento seja implausível e, no mínimo, sensível ao poder da sugestão. De facto, num estudo controlado, sujeitos saudáveis relataram sintomas semelhantes quer tomassem uma diluição homeopática de beladona ou um placebo.[5]

Baixo relevo do Monumento a Samuel Hahnemann em Scott Circle (Washington, EUA) (Crédito: takomabibelot – Flickr)
No entanto, a colecção destas experiências transformou-se na base de um compêndio chamadoMateria Medica. Como algumas das substâncias testadas eram tóxicas (como o sumagre venenoso, a estriquinina e vários venenos de serpentes), fazia sentido ingerir quantidades diminutas durante as “provas”. Esta pode ser a fonte do princípio homeopático das “diluições infinitesimais”, segundo o qual as soluções mais diluídas são, alegadamente, as mais potentes.
A origem do princípio da “potencialização” (ou “dinamização”) é mais obscura. Supostamente, a potencialização faz com que as substâncias inertes e diluídas passem a ser activas devido à libertação da sua energia. Segundo Hahnemann:
“As potencializações homeopáticas são os processos pelos quais as propriedades medicinais das drogas, que estão num estado latente na substância em bruto, são excitadas e adquirem a capacidade de actuar espiritualmente sobre as forças vitais.”[6]
A simples diluição de um medicamento não é suficiente para que se dê a cura. Para alcançar a potencialização, após cada diluição sucessiva de 1 a 9 (“D”) ou de 1 a 100 (“C”), a solução deve ser agitada vigorosamente (o processo é conhecido como sucussão). No caso das substâncias em pó, estas devem ser vigorosamente moídas (trituração). A potencialização supostamente liberta a energia da substância que está a ser usada no tratamento e esta energia libertada supostamente mantém-se, mesmo nas doses mais baixas.
Hahnemann acreditava que os remédios homeopáticos deveriam ser apropriadamente prescritos de modo individual, para cada tipo de corpo e personalidade, com base nas antigas teorias humorais de Galeno. De acordo com estas teorias, existiam quatro tipos de corpos e personalidades, dependendo do “humor” corporal que predominava: sangue (optimista, bondoso e volátil), bílis negra (melancólico, triste), bílis amarela (colérico, rápido na ira e na acção) e fleuma (fleumático, pachorrento e apático). Para além de descrever vários tipos básicos de corpo, ele também sugeriu que existiriam as correspondentes causas primárias de doenças agudas e crónicas , a que chamou “miasmas”. O primeiro miasma, conhecido como “psora” (comichão) refere-se a uma susceptibilidade geral a doenças e pode ser considerado a fonte de todas as doenças crónicas. Os outros dois miasmas da teoria homeopática são as doenças venéreas sífilis e sicose (gonorreia). Juntas, estas três condições eram consideradas a causa de pelo menos 80% de todas as doenças crónicas.
A homeopatia fez várias contribuições indirectas importantes para a prática da medicina. Na época em que se desenvolveu, os tratamentos médicos eram muitas vezes mais perigosos do que a doença que tentavam tratar. Na verdade, a homeopatia pode ter ajudado a acelerar o abandono de tais tratamentos. A homeopatia foi a fonte de inspiração para medicamentos úteis como a nitroglicerina[7] e o acónito.[8]Cientistas como Joseph Lister e Sidney Ringer reconheceram que, por causa da homeopatia, chegaram a descobertas farmacológicas importantes.[9] Também se atribui crédito à homeopatia  por ter, inicialmente, apoiado ensaios clínicos com grupos controlo, protocolos quantitativos e sistemáticos e com recurso à estatística.[10]
Do ponto de vista da medicina veterinária, é curioso que o Hahnemann não fez qualquer trabalho com animais. A psora, a sífilis e a gonorreia não são doenças reconhecidas nos animais. Dadas as variações interespecíficas nas reacções a várias substâncias farmacológicas, a falácia da prescrição de medicamentos para animais com base nos sintomas que eles provocam nas pessoas parece óbvia. O conceito da prescrição de medicamentos baseada nos tipos de corpo e personalidades pareceria também ser particularmente difícil de aplicar a animais.
Deveria ser óbvio que as premissas nas quais se baseia o trabalho de Hahnemann dificilmente podem ser apoiadas pelo conhecimento actual. Sob um ponto de vista estritamente hipotético, é possível que Hahnemann tenha chegado à solução acertada a partir de bases erradas. Contudo, embora as críticas baseadas apenas na origem da filosofia possam não ser completamente condenatórias, são, pelo menos, instrutivas.

Referências:
[1] Ramey, D. W., M. H. Wagner, R. H., Imrie & V. J. Stenger, 1999. Homeopathy and Science: A Closer Look. Technology 6(1): 95-105.
[2] Ullman, D., 1998. Homeopathic Medicine: Principles and Research. In: Complementary and Alternative Veterinary Medicine, Principles and Practice (eds. A. Schoen & S. Wynn), Mosby, Inc., St. Louis, EUA.
[3] Raso, J., 1998. The Expanded Dictionary of Metaphysical Healthcare: Alternative medicine, paranormal healing and related methods. The Georgia Council Against Health Fraud, EUA.
[4] Hahnemann, S., 1960. Organon of medicine, 6a ed. M. Bhattacharyya & Co., Calcutá, Índia.
[5] Wallach, H., 1993. Does a highly diluted homeopathic drug act as a placebo in healthy volunteers? Experimental study of Belladonna 30C in a double blind crossover design – a pilot study. J. Psychosomatic Res. 37(8): 851-860.
[6] Hahnemann, S., 1846. The Chronic Diseases. Nova Iorque, EUA.
[7] Fye, W. B., 1986. Nitroglycerin: a homeopathic remedy. Circulation 73: 21-29.
[8] Haller, J. S., 1984. Aconite: a case study in doctrinal conflict and the meaning of scientific medicine.Bull. N. Y. Acad. Med. 60: 888-904.
[9] Nicholls, P. A., 1988. Homeopathy and the Medical Profession. Croom Helm, Londres, Inglaterra.
[10] Ernst, E. & T. J. Kaptchuk, 1996. Homeopathy revisited. Arch. Intern. Med. 156: 2162-2164.

Fonte:http://comcept.org/2013/06/18/a-ciencia-e-a-homeopatia-i-breve-historia-da-homeopatia/


Há 250 anos nascia o pai da homeopatia

No dia 10 de abril de 1755, nasceu Samuel Hahnemann, o médico que iria revolucionar os métodos terapêuticos.

O pai da homeopatia, o médico alemão Samuel Hahnemann
Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu no dia 10 de abril de 1755 em Meissen, no Estado da Saxônia, no leste da Alemanha. Filho de um pintor de porcelana, o garoto cresceu em um ambiente modesto e, graças a uma bolsa, pôde estudar em numa renomada escola da região.
Desde cedo, Hahnemann demonstrou grande facilidade para línguas. Além do alemão, aprendeu inglês, francês, espanhol, latim, árabe, grego, hebreu e caldeu. Tinha ainda aptidões para as ciências naturais e grande interesse pela botânica.
Iniciou o curso de Medicina na Universidade de Leipzig. Porém, insatisfeito com o enfoque exclusivamente teórico das aulas, Hahnemann transferiu-se para Viena.

A praça central de Meissen, cidade natal de Hahnemann
Em 1781, Hahnemann defendeu sua tese de doutorado na faculdade de Erlangen. Começou a praticar a medicina no povoado saxônico de Hettstedt. Meses depois, mudou-se para Dessau, onde conheceu Johanna Leopoldina Henriette Küchler, enteada de um farmacêutico. Em 1782, casaram e mudaram-se para Gommern – também no leste do país.
Similia similibus curentur
Embora considerado bom médico, Hahnemann demonstrou-se desiludido com a pouca eficácia dos métodos terapêuticos usados na época. Para garantir o sustento da família, optou por traduzir obras científicas, especialmente nas áreas de química e medicina.
Em 1790, Hahnemann traduziu o tratado Matéria Médica, do inglês Willian Cullen, que relatava as propriedades curativas da Chinchona officinalis, ou quinina, contra a malária. Intrigado, Hahnemann testou em si mesmo a substância e desenvolveu sintomas semelhantes aos da doença. Subitamente, tomou consciência do que ocorrera: quinina acarretava sintomas semelhantes aos apresentados pela enfermidade que curava.

A natureza que cura
Hahnemann experimentou outras drogas como beladona, mercúrio, digital, ópio, arsênico e diversos medicamentos de uso corrente na época. Os testes confirmaram sua teoria. Cada remédio provocava uma doença similar àquela para a qual era ordinariamente receitado. Similia similibus curentur ou "semelhante cura semelhante". Hahnemann desvendara o princípio da homeopatia.
Homeopatia, uma idéia anterior a Hahnemann
Hahnemann publicou, em 1796, um importante ensaio chamadoUm novo método para averiguar os princípios curativos das drogas. Com ele, o médico descrevia suas descobertas e começava a entrar para a história.
Na verdade, Hahnemann não é o pai das idéias básicas da homeopatia. No século 5º a.C., Hipócrates, pai da Medicina, já afirmava que uma doença podia ser combatida com substâncias que causavam sintomas parecidos. Hipócrates tentara a cura de certos males com semelhantes.

Paracelso (1493–1541), médico, pesquisador e filósofo que influenciou Hahnemann
O mesmo princípio curativo já fora mencionado na Índia mais de 2 milênios antes. E, no século 16, o suíço Paracelso afirmava que venenos ministrados em pequenas doses podiam curar enfermidades.
Hahnemann, que conhecia e admirava os trabalhos de Hipócrates e Paracelso, tinha agora a comprovação prática das idéias de seus mestres.
A nova terapia
Hahnemann dedicaria o resto de sua vida a desvendar a cura pelo semelhante e aprofundar-se nesta premissa. O princípio "Similia similibus curentur" foi batizado por Hahnemann de homeopatia – do grego "homoion" similar, e "pathos" doença.
Querendo fazer dela um método eficaz de tratamento, ele experimentava as substâncias, registrava seus efeitos no organismo e passava a utilizá-las em doentes com sintomas semelhantes.
Hahnemann começou seus tratamentos aplicando grandes doses. Mas, devido a efeitos colaterais, procurou desenvolver um procedimento para proteger o paciente e evitar intoxicações. Passou a diluir as substâncias para que fossem ministradas em pequenas quantias.
Sacolejo de cavalos desvendam a terapia
Sempre atento aos tratamento dos seus pacientes, Hahnemann notou que, quanto mais afastado ficava o domicílio dos enfermos, mais rápidos e eficazes se mostravam os medicamentos. A única diferença entre os remédios de quem residia próximo e de quem residia longe eram os sacolejos sofridos durante o transporte a cavalo.

Sacolejo durante o transporte. O processo de dinamização veio a cavalo e à tona
Hahnemann concluiu que, se os processos de saúde, doença e cura são dinâmicos, o medicamento também deveria sê-lo. Sendo assim, as substâncias homeopáticas deveriam passar pelo chamado processo de dinamização: ao serem preparadas, deveriam sofrer batidas fortes e ritmadas para despertar a energia contida nos elementos.
A nova terapia de Hahnemann era eficiente e agradável aos pacientes. Uma ótima opção aos tratamentos primitivos e sem embasamento científico da época, como a prática de sangrias, ingestões de purgantes e substâncias tóxicas.
Professor cheio de controvérsias
Em 1812, Hahnemann recebeu licença para lecionar na Universidade de Leipzig. Viveu na cidade até 1821 com sua família (a esposa e 11 filhos, dos quais dois viriam a morrer).
Suas críticas aos métodos de cura da época esvaziaram-lhe a sala de aula. Aos poucos alunos que restaram, ele propôs a formação de um grupo de "provadores de drogas". Neste período, redigiu uma obra onde estão descritos todos os sintomas e propriedades das substâncias testadas por ele e seus discípulos.
A controvérsia em torno de seus métodos contribuiu para que Hahnemann mudasse várias vezes de cidade. Em 1821, estabeleceu-se em Köthen, onde recebera autorização para a fabricação de seus medicamentos. Por essa época, Hahnemann escreveu seu último livro médico importante, intituladoDoenças crônicas, sua natureza e tratamento homeopático, publicado em 1828.
Inquisição homeopática

Praga, a cidade proibiu seus médicos de praticarem a homeopatia
Os êxitos do método homeopático eram proporcionais às críticas que este recebia. Médicos adeptos da medicina tradicional incitaram farmacêuticos contra Hahnemann. Muitos consideravam a homeopatia um sistema nulo, de valor puramente especulativo, e até prejudicial à saúde.
Na Áustria havia um decreto que proibia sua prática. Em Praga, o médico que lançasse mão dos novos métodos seria condenado a pagar multa. Reincidentes tinham o diploma cassado e eram exibidos, como malfeitores, em praça pública.
Cólera ajuda e difundir a homeopatia
Em 1831, um ano após a morte de sua esposa, Hahnemann ajudou a conter uma epidemia de cólera na Europa. Seu sucesso no tratamento da moléstia chamou a atenção e despertou interesse internacional. De vários locais do continente vieram agradecimentos e elogios aos novos métodos do médico alemão.
Na Áustria, os governantes aboliram o decreto anti-homeopatia, mesmo a contragosto. Na França, as idéias de Hahnemann ganharam adeptos e nos EUA formou-se uma sociedade homeopática.
A partir de 1832, vários médicos e cientistas propagaram a nova medicina: Romani em Nápoles, Pierre Dufresne em Genebra, Des Guidi em Lyon, o professor Mabit em Bordeaux e Petroz, Croserio, Curie, Léon Simon em Paris.
Hahnemann deixa a Alemanha
Em 1835, Hahnemann casou-se com uma jovem francesa, Melanie d'Hervilly-Gohier, e mudou-se com ela para Paris.

Gotas homeopáticas, pequenas doses do semelhante à doença
Na França, Hahnemann encontraria o reconhecimento ao seu trabalho que lhe fora negado em seu país de origem. E sua transferência contribuiu para que a homeopatia demorasse mais a se propagar na Alemanha.
Hahnemann morreu aos 88 anos, em Paris, no dia 2 de julho de 1843. Seus estudos foram rapidamente difundidos, serviram de inspiração para novas gerações de clínicos e tornaram o mundo mais saudável.
Desvendando a natureza
Hahnemann não é o descobridor da homeopatia, pois o princípio curativo desta é uma lei da natureza. Seu grande mérito é tê-lo desvendado e aplicado ao uso medicinal.
Hahnemann e seus discípulos desenvolveram 100 substâncias curativas. Hoje há cerca de 3 mil delas. Ao longo dos anos, os métodos homeopáticos evoluíram muito. Mas seus princípios básicos, desvendados por Hahnemann, perduram após mais de dois séculos.
Homeopatia no Brasil
A homeopatia foi introduzida no Brasil por um dos discípulo de Hahnemann, o francês Benoit-Jules Mure. Mure chegou ao país em 1840 e obteve apoio de D. Pedro II para a prática, ensino e propagação da nova medicina.
A homeopatia propagou-se no Brasil, recebendo apoio do pensamento positivista no final do século 19. O método se propagou até o final da década de 20, sofrendo posteriormente um lento declínio. Nos anos 60, a homeopatia sobreviveu no país graças a nomes como os de Abraão Brickman, Alfredo de Vernieri, Paiva Ramos, David Castro e Artur de Almeida Resende Filho.

São Paulo na década de 1920, a homeopatia foi bem recebida no Brasil
Nas últimas décadas a homeopatia voltou a ganhar notoriedade e prestígio. Hoje, o Brasil é um dos países com maior número de médicos homeopatas do mundo e calcula-se que cerca de 17 milhões de brasileiros já tenham recorrido à medicina de Hahnemann.
No território nacional existem cerca de 15 mil médicos exercendo a homeopatia, 2 mil farmacêuticos e o mesmo número de farmácias especializadas.
E, para quem gosta de história, existe até o Museu de Homeopatia Abraão Brickmann, na cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Fonte:http://www.dw.com/pt/h%C3%A1-250-anos-nascia-o-pai-da-homeopatia/a-1547046

1755: Nasce o pai da homeopatia

No dia 10 de abril de 1755, nasceu Samuel Hahnemann, o médico alemão que desafiou os métodos tradicionais de cura de sua época. Depois dele, a medicina nunca mais seria a mesma.
Symbolbild Homöopathie
Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu no dia 10 de abril de 1755 em Meissen, no Estado da Saxônia, no leste da Alemanha. Cresceu em um ambiente modesto e, graças a uma bolsa, pôde estudar em uma renomada escola da região. Desde cedo, Hahnemann demonstrou facilidade para línguas, aptidões para as ciências naturais e grande interesse pela botânica.
Hahnemann iniciou o curso de Medicina na cidade de Leipzig, mas, insatisfeito com o enfoque exclusivamente teórico das aulas, transferiu-se para Viena. Começou a praticar a medicina no povoado saxônico de Hettstedt. Casou-se no ano de 1782 com Johanna Leopoldina Henriette Küchler, enteada de um farmacêutico, e mudou-se com ela para Gommern – também no leste do país.
Similia similibus curentur
Em 1790, ao traduzir o tratado Matéria Médica, do inglês Willian Cullen, Hahnemann deparou-se com relatos sobre as propriedades curativas da quinina contra a malária. Hahnemann testou a substância em si mesmo e veio a desenvolver sintomas semelhantes aos da moléstia.
Hahnemann experimentou ainda outras drogas, como belladona, mercúrio, digital, ópio, arsênico e diversos medicamentos de uso corrente na época. Os testes confirmaram: cada remédio provocava uma doença similar àquela para a qual era ordinariamente receitado. Similia similibus curentur, ou "semelhante cura semelhante". Hahnemann desvendara o princípio que iria revolucionar os métodos terapêuticos.
O médico dedicaria o resto de sua vida à premissa da cura pelo semelhante. Querendo fazer dela um método eficaz de tratamento, experimentava as substâncias, anotava seus efeitos no organismo e passava a utilizar as mesmas em doentes com sintomas similares.
Começou as terapias usando grandes doses. Mas, devido a efeitos colaterais, procurou desenvolver um procedimento para aplicar o medicamento sem

Hahnemann
prejudicar o paciente e evitar intoxicações. Passou, então, a diluir as substâncias e ministrá-las em pequenas quantias.
O princípio Similia similibus curentur foi batizado por Hahnemann de homeopatia – do grego "homoion", similar, e "pathos", doença.
Processo de dinamização veio a cavalo e à tona
Atento aos tratamento dos seus pacientes, Hahnemann notou que, quanto mais afastado o domicílio dos enfermos, mais rápidos e eficazes se mostravam os medicamentos. A única diferença entre o remédio de quem residia próximo, para o remédio de quem residia longe, eram os sacolejos sofridos durante o transporte a cavalo.
Hahnemann concluiu que, se os processos de saúde, doença e cura são dinâmicos, o medicamento também deveria sê-lo. Sendo assim, as substâncias homeopáticas deveriam passar pelo – como ele batizou – processo de dinamização: ao serem preparadas, sofreriam batidas fortes e ritmadas para despertar a energia nelas contida.
Hahnemann e os provadores de drogas
Em 1812, Hahnemann recebeu licença para lecionar na Universidade de Leipzig. Mas suas críticas aos métodos tradicionais de cura esvaziaram-lhe a sala de aula. Aos poucos alunos que restaram, propôs a formação de um grupo de "provadores de drogas". Nesse período, redigiu uma obra onde estão descritos todos os sintomas e propriedades das substâncias testadas por ele e seus discípulos.
A controvérsia em torno de seus métodos contribuiu para que Hahnemann mudasse várias vezes de cidade. Em 1821, estabeleceu-se em Köthen, onde recebera autorização para a fabricação de seus medicamentos.
Homeopatia x cólera
Em 1831, um ano após a morte de sua esposa, Hahnemann ajudou a conter uma epidemia de cólera na Europa. O fato despertou interesse internacional e contribuiu para que a nova terapia tivesse maior aceitação.
Na Áustria, o decreto que proibia a prática da homeopatia foi abolido. Na França, as ideias de Hahnemann ganhavam adeptos e nos EUA foi formada uma sociedade homeopática.
Em 1835, Hahnemann casou-se novamente, desta vez com uma jovem francesa, Melanie d'Hervilly-Gohier, e mudou-se para Paris. Na França, ele encontrou um grande reconhecimento ao seu trabalho, até então não obtido na Alemanha.
Princípio curativo na Antiguidade e no presente

Homeopatia: pequenas doses vindas da natureza
No século 5º a.C., Hipócrates, pai da Medicina, já afirmava que uma doença podia ser combatida com substâncias que causavam sintomas parecidos. O mesmo princípio curativo também já fora mencionado há mais de 2 milênios na Índia. E, no século 16, o suíço Paracelso afirmara que venenos ministrados em pequenas doses podiam curar enfermidades.
Admirador dos trabalhos de Hipócrates e Paracelso, Hahnemann conseguiu não só comprovar as ideias de seus mestres como tornou-as aplicáveis no uso medicinal.
O médico alemão e seus discípulos desenvolveram 100 substâncias curativas. Hoje existem cerca de 3 mil delas. Ao longo dos anos, houve uma evolução nos métodos homeopáticos. Mas seus princípios básicos resistem há mais de dois séculos.
Samuel Hahnemann morreu aos 88 anos, em Paris, no dia 2 de julho de 1843. Suas ideias difundiram-se, serviram de inspiração para novas gerações de clínicos e tornaram o mundo mais saudável.
Fonte:http://www.dw.com/pt/1755-nasce-o-pai-da-homeopatia/a-1552017

04/12/2007 - 08h30

Médico conta a história da homeopatia no Brasil

da Folha Online

O médico homeopata e escritor Paulo Rosenbaum conta em artigo a história da homeopatia no Brasil, que começou com o médico francês Benoît Mure, há 167 anos.
Divulgação
Livro mostra princípios básicos e história da homeopatia
Livro mostra princípios básicos e história da homeopatia
Rosenbaum é autor do livro Homeopatia, da Publifolha, e de outros cinco títulos na área. Também é Docente Fundador e Chefe da Escola de Homeopatia e ministra aulas em várias instituições do Brasil e do exterior.
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Benoit Mure, personalidade médica do Império
Em 21 de novembro de 1840 desembarcava no Rio de Janeiro o médico francês Benoît Mure, que se tornaria o introdutor da homeopatia no Brasil, chegando a dispor de sua fortuna pessoal para difundir a medicina e direcioná-la para o tratamento de escravos e dos "excluídos pela sociedade".
Ainda que ignorada por muito homeopatia tem uma longa história política e institucional no país. Teve várias fases e parece estar agora recobrando seu fôlego. A homeopatia foi oficialmente introduzida no Brasil por um discípulo direto de Samuel Hahnemann, o francês Benoît Jules Mure (1809-1858). Ele chegou ao país depois de realizar uma peregrinação na Europa, aonde difundiu e divulgou os princípios da então nova arte médica. Palermo, Paris, Cairo e Malta estiveram em seu roteiro de propaganda homeopática. Quando desembarcou no Rio de Janeiro a bordo da barca francesa Eole em novembro de 1840, Mure estava com 31 anos de idade e repleto de projetos.
Sua história repete a de muitos outros: recuperava-se de uma tuberculose pulmonar. A moléstia o acometeu bem jovem e como tantos portadores de tísica esteve bem desenganado depois de uma temporada rodando pelos médicos e clínicas parisienses. Mure submeteu-se ao tratamento homeopático ministrado por Sebastião Des Guidi, também discípulo de Hahnemann e introdutor da homeopatia na França. Mure recuperou-se.
Proveniente da burguesia de Lyon formou-se na Faculdade de Medicina de Montpellier. Dentre todas faculdades européias foi esta que sempre teve a tradição de ser um importante reduto da medicina vitalista. Onde o debate poderia estar centrado nas várias concepções de saúde e doença, adaptação e resistência, terreno e suscetibilidade. Discussões que deram origem às concepções posteriores de imunidade como fatores decisivos em prognósticos e terapêuticas. O pensar vitalista médico do XIX tinha como base o pressuposto de que os organismos são direcionados por uma espécie de "força de saúde" que se impõe normalmente como força dominante. Abalos deste "princípio vital" seriam os responsáveis pela aparição de moléstias.
Um plano ao imperador
Conforme os registros coletados pelo historiador da medicina e médico Emidgyo Galhardo, sabe-se que em 18 de dezembro de 1841 foram apresentados ao imperador os colonos societários franceses, juntamente com Mure. Esta colônia foi o propósito inicial da vinda de Mure, que era o representante oficial da Union Industrielle de Paris.
Mure foi apresentado ao imperador para expor seu plano de ação:
"Venho, em nome de todas as classes sofredoras que aspiram em França a mudar de posição, pedir a vossa majestade os meios de gozar, debaixo de um governo tutelar, do fruto legítimo de seu trabalho." No dia 30 do mesmo mês Mure segue a bordo da "Caroline" para o Sahy, com as cem famílias francesas que "trazem ao Brasil o fabrico em grande de máquinas de vapor. Elas se associam entre si e garantem-se mutuamente contra o incêndio, riscos do mar, falta de trabalho e despesas de educação dos filhos".
A ideologia médica nos parece hoje uma matéria anacrônica e fora de contexto entretanto era o tom prevalente nos embates científicos do século XIX. O introdutor da homeopatia no Brasil, influenciado pelas idéias socialistas de Saint Fourier e Jacotot, funda em 1842 uma colônia societária falansteriana, em Santa Catarina na península formada pelo Rio São Francisco, denominada de Colônia Societária do Sahy junto com a Escola Suplementar de Medicina e Instituto Homeopático do Sahy. Ali se instalam fundando um dispensário de medicamentos, um centro de ensino com ambulatório e uma comissão de correspondência e redação.
Compreende-se, a partir desta atitude militante de Mure, sua luta ulterior, quando incorporou a seu projeto de expansão de atendimento médico advogando tratamento para escravos e para os socialmente excluídos do Brasil imperial. Os vínculos entre o movimento abolicionista e o apoio que obteve de setores ligados aos médicos homeopatas ainda é um capítulo histórico a ser esmiuçado.
Primeiros ambulatórios populares do Império
Mure vitaliza o pensamento médico do Império. Faz preleções pelo futuro da arte médica, é prosélito de uma medicina social mais ativa, passa a defender significados e propósitos de sua particular concepção dos objetivos da saúde pública. Contra uma prática médico-social que excluía, inclui em seu projeto o acolhimento das classes sociais sem acesso à medicina da Corte. Houve uma particular e curiosa mistura nas propostas de Mure: socialismo e ideologia religiosa. Como ideólogo sabia da necessidade de apoio político e do aval acadêmico para conseguir fazer avançar a institucionalização da prática da homeopatia. Articula-se nos contatos políticos para tentar alcançar um estatuto mais respeitável para a medicina no qual acreditava. Mure vislumbra que a difusão da homeopatia pode ser uma perspectiva de alcançar parte dos objetivos malogrados no Sul.
Consultórios populares eram abertos no Rio de Janeiro e em Salvador. Estes ambulatórios gratuitos foram criados pelos homeopatas em 1843 - sendo os primeiros ambulatórios populares do país -- e vendo seu sucesso junto à população e o aumento da adesão popular ao tratamento a Academia Imperial de Medicina, também resolve abri-los em 1848.
Mure despede-se do Brasil, de onde parte em abril de 1848. Mure saiu do Brasil extenuado pelo trabalho incessante e desgastado pelos oito anos de embates falecendo no Cairo dez anos mais tarde em 1858. Observa-se o surgimento de novas organizações homeopáticas no país e cresce o número de publicações.
Mas é através de sua obra empírica/experimental que seu projeto adquiriu dimensão mundial. Mure, em seu "Patogenesia Brasileira e Doutrina da Escola Médica do Rio de Janeiro", dirige e compila uma série de 39 patogenesias (experimentos metódicos de substâncias medicamentosas) com substâncias obtidas, selecionadas e preparadas segundo a farmacotécnica homeopática, em um período histórico cujas dificuldades científicas eram literalmente descomunais. Edições de seu livro aparecem em 1853 (Estados Unidos) e 1859 (Espanha).
Uma opção natural para a medicina
O mundo científico já havia reconhecido de forma especialmente generosa os trabalhos dos viajantes e naturalistas que catalogaram (científica e iconograficamente) a exuberante flora e fauna deste país. É o caso dos médicos holandeses Piso e Marcgrave (naturalistas e médicos integrantes da comitiva de Maurício de Nassau), de Saint-Hilaire, dos botânicos Spix e Martius e de pesquisadores menos famosos do século XIX como Freire Alemão, Velloso, Almeida Pinto, Caminhoá e Peckolt.
Nesta pós-modernidade tardia seria importante uma revisão histórica do período da medicina no Império. Faltou reconhecer o trabalho de Mure, especialmente pelo estudo da fauna e da flora do País. O autor foi bem além de uma catalogação farmacodinâmica/farmacognósica. Não se detém em fazer uma mera recompilação dos efeitos medicinais ou de indicações terapêuticas das substâncias obtidas das fontes da medicina indígena e popular, muito comuns nos tratados dos botanistas. Apresenta listagens de sintomas obtidos através da experiência metódica. Faz isto usando as recomendações hahnemanianas quando adota os critérios de uma Higantropharmacologia (estudo dos efeitos das substâncias medicinais sobre o homem) quando são registradas as observações dos efeitos - objetivos e subjetivos -- sobre a totalidade. O trabalho experimental organizado por Mure não é somente ainda apropriado para subsídios de pesquisa histórica, e instrumental terapêutico. Representou um incomum marco na preservação da biodiversidade. Isto em uma época na qual tais preocupações eram virtualmente inexistentes. Seu trabalho ainda é original e contemporâneo se considerarmos que desde os anos 1980 há um boom de pesquisas buscando novas substâncias medicinais nas florestas tropicais. Pode-se observar na obra de Mure o esforço do trabalho experimental que organiza a matéria médica brasileira com elementos obtidos de todos os reinos da natureza, muitos deles ignorados (ou apenas catalogados) por outros ilustres viajantes.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u350908.shtml



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