A Homeopatia no Brasil
A Homeopatia no Brasil foi introduzida por um discípulo francês
de Hahnemann, Benoit-Jules Mure, que aqui chegou em 21 de novembro de 1840.
Mure vem inicialmente introduzir a doutrina social de Charles Fourier; para
tanto, ele consegue apoio do governo brasileiro de D. Pedro II e vai para o
interior de Santa Catarina onde funda um falanstério (comunidade que segue os
princípios de Fourier), o qual, no entanto, não é bem sucedida. Volta então
Benoit Mure para o Rio de Janeiro, onde inicia o ensino, a prática e a
propagação da Homeopatia. Seu primeiro discípulo no Brasil é o médico português
João Vicente Martins que propaga a Homeopatia no norte e nordeste do Brasil. Em
2 de julho de 1859 é fundado o Instituto Hahnemanniano do Brasil (IHB) na
cidade do Rio de Janeiro.
A Homeopatia rapidamente se propagou e, no final do século
passado, foi abraçada pelo movimento positivista brasileiro através de seus
adeptos do Instituto Militar de Engenharia, no Rio de Janeiro. Disto resulta um
grande apoio oficial do governo republicano à Homeopatia, reconhecendo o seu ensino
e a sua prática, criando enfermarias no Hospital Central do Exército e no
Hospital da Marinha, no começo deste século. Também deste fato aparecem grandes
figuras da nossa cultura ligadas à Homeopatia ou que mesmo chegam a praticá-la,
como Monteiro Lobato e Rui Barbosa.
A Homeopatia no Brasil mantém a sua força e seu crescimento até
o final da década de vinte, quando começa lentamente o seu declínio, talvez
devido ao advento da terapêutica química na Medicina, pois o aparecimento de
armas terapêuticas como as sulfas no início e os antibióticos depois, encontra
os homeopatas despreparados filosoficamente para o exercício da Homeopatia,
positivistas que eram na sua maior parte, e não vitalistas, como o exige o
pensamento homeopático e Hahnemanniano.
Este estado de coisas tem tal evolução que nos anos sessenta
praticamente já não existe a Homeopatia no Brasil; nessa época, ela só
sobrevive nas pessoas de alguns poucos abnegados, principalmente nas cidades de
São Paulo e Rio de Janeiro. Dentre eles, despontam os nomes de Abraão Brickman,
Alfredo de Vernieri, Paiva Ramos, David Castro e Artur de Almeida Rezende
Filho. Mas foi nesta mesma década, quando em todo o mundo e em diversos setores
seguem os movimentos de contestação do “status quo”, que a Homeopatia foi
beneficiada, retornando num ritmo crescente em termos de prestígio, notoriedade
e demanda, tanto por parte dos pacientes como dos colegas médicos interessados,
até os nossos dias (30 anos depois), quando já não existe mais conotação de
modismo e sim de uma realidade, o reconhecimento de um velho-novo campo do
conhecimento médico.
A oficialização do ensino da Homeopatia data de 25 de setembro
de 1918, decreto n° 3530, reconhecendo o Instituto Hahnemanniano do Brasil,
como uma entidade de utilidade pública. Alguns anos depois, em 1926, é
organizado pelo Prof. José Emygdio R. Galhardo, o 1° Congresso Brasileiro de
Homeopatia, realizado no Rio de Janeiro. A Associação Paulista de Homeopatia
(APH) foi fundada em 5 de junho de 1936 pelo Dr. Alfredo Di Vernieri. A
comissão organizadora foi a seguinte: Dr. Alfredo Di Vernieri, Dr. Antonio
Murtinho Nobre, Dr. Silvino Canuto de Abreu, Dra. Helena Minin e Dr. Arthur de
Almeida Rezende Filho.
A primeira fase da APH foi muito difícil, pois, embora contando
com grande simpatia popular e até governamental, a marginalização pela medicina
clássica retardou muito o seu progresso.
Ainda assim, em 1937, o Dr. Abraão Brickman inaugurava um
serviço de Homeopatia na Beneficência Portuguesa e o Dr. Rezende Filho criava a
biblioteca da APH. Nesta época, toda a divulgação homeopática era feita através
de jornais, rádio e uma revista que perdurou até 1942.
Em 1952, pelo decreto nº 1552, de 8.07.52, foi tornado obrigatório o ensino da
Farmacotécnica Homeopática em todas as faculdades de farmácia do Brasil.
Houve um hiato na época do pós-guerra, de 1942 até a década de
sessenta, quando, aliando-se ao momento de contestação mundial, e ao incansável
trabalho do Dr. David Castro, a Homeopatia recomeçou a se desenvolver.
Reiniciou-se a edição da revista, entrevistas através de rádios, jornais e
televisão, cursos para estudantes, etc. Em 14 de janeiro de 1960, a APH é
reconhecida como entidade de utilidade pública.
Em 1966, durante o Governo Castelo Branco, foram publicadas
várias portarias, com instruções de instalação e funcionamento de farmácias
homeopáticas e industrialização de seus medicamentos.
Até este momento, a APH funcionava nos consultórios e
residências dos Diretores. Em 6 de junho de 1970, é lançada a pedra fundamental
da sede e do ambulatório da APH e, em 1972, realizar-se-ia o XII Congresso
Brasileiro de Homeopatia em casa própria. Nesta época, as atividades se
resumiam às reuniões de 5a feira à noite e ao ambulatório de ensino.
Mas foi em 1976, com a vinda do Prof. Francisco Xavier Eizayaga,
da Argentina, que foi criado o Curso de Especialização em Homeopatia para
médicos, com duração de dois anos, um final de semana por mês. Vale a pena
lembrar que este curso iniciou-se com 10 alunos e terminou com cerca de 50.
Expoentes da Homeopatia de hoje foram formados nessa época. Como idealizadores
deste curso, os Doutores Félix Barbosa de Almeida (SP), Javier Salvador Gamarra
(Curitiba) e Matheus Marim (Campinas), sob a presidência do Dr. Alfredo Castro.
Essa foi a origem de boa parte dos principais cursos de todo o Brasil. Foi em
1976 também que o governo oficializou a Farmacopéia Homeopática Brasileira
(decretada em 1972).
Em 4 de julho de 1980, pela resolução CFM n° 1000, a Homeopatia
foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina. No
mesmo ano foi fundada a Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB). A
partir deste momento a homeopatia ganhou força e maior apoio da classe médica.
Aos poucos foram sendo criados cursos regulares para a formação de
profissionais nas áreas de Farmácia, Odontologia e Medicina Veterinária.
No ano de 1990 a biblioteca da APH tornou-se centro de toda a
literatura homeopática da América Latina e Caribe (fruto do convênio da APH com
a BIREME e a HOMEODATA). Desde este ano, seguindo determinação da AMHB, o curso
para médicos vem sendo realizado em três anos, com o intuito de cumprir a carga
horária mínima de 1200 horas/aula.
Atualmente existem aproximadamente vinte associações de
representação médico-homeopáticas filiadas à AMHB e cerca de dez farmacêuticas,
abrangendo todo o território nacional, em muitas delas são realizados cursos
regulares de formação em homeopatia.
Fonte:https://aph.org.br/a-homeopatia-no-brasil/
Conheça um pouco da história da
homeopatia no Brasil
Desde 1810 esse tipo de terapia holística encontra obstáculos pra
ser aceita pela população
Embora o primeiro contato com o Brasil tenha
sido em 1810, através de cartas trocadas entre Samuel Hahnemann (o criador
da homeopatia)
e José Bonifácio de Andrade e Silva, o Patriarca da Independência (ambos tinham
interesse em mineralogia), o dia 21 de novembro de 1840 é considerado,
oficialmente, como o Dia Nacional da Homeopatia.
Nessa data, Benoit Jules Mure (Bento Mure, como ficou conhecido no
Brasil), um discípulo francês de Hahnemann, chegou ao Rio de Janeiro, com mais
cem famílias para tentar instalar na Península do Sahy (vale do Itajaí), na
divisa do Paraná com Santa Catarina, uma colônia societária para formar a base
de uma comunidade industrial de máquinas a vapor.
Entre 1840 e 1980, quando a Homeopatia foi reconhecida como uma
especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina, muitos obstáculos foram
transpostos para que a população pudesse ter acesso legal e quase irrestrito a
essa forma terapêutica holística e diferenciada, de mais de 200 anos de
conhecimento.
Um médico homeopata é um médico
Em 1990, a AMHB (Associação Médica Homeopática Brasileira) passou
oficialmente a fazer parte do Conselho de Especialidades Médicas da AMB e,
desde então, realiza anualmente a prova para obtenção de Título de Especialista
em Homeopatia.
A partir daí, somaram-se as especialidades de Farmácia,
Odontologia e Medicina Veterinária, também com reconhecimento e habilitação
através de seus conselhos de especialidades, ampliando as possibilidades de
utilização dos benefícios da homeopatia,
já comprovados através da prática e de trabalhos científicos em âmbito nacional
e internacional.
A homeopatia é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) quanto à produção, distribuição e a dispensação de
medicamentos homeopáticos. Atualmente, a homeopatia é praticada por
profissionais habilitados (médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários) em
seus consultórios e em ambulatórios privados, e já está incluída também na "Política
Nacional de Práticas Integrativas e Medicinas Complementares" para o SUS,
devendo ser implantada pelas secretarias da saúde dos municípios do País.
Todo médico, para ser homeopata, cursou uma
faculdade de medicina tradicional (durante 6 anos). Além disso, uma grande
parte deles fez uma residência médica em alguma outra especialidade (eu sou
pediatra, mas há proctologistas, ginecologistas, ortopedistas, cirurgiões entre
outros) por mais 2 ou 3 anos.
E só aí, através de um curso de pós-graduação, esses médicos se
graduaram em homeopatia. Ou seja, um médico homeopata é um médico. Assim como
houve estudos para se descobrir novos antibióticos, novas vacinas, novas
técnicas cirúrgicas, os medicamentos homeopáticos também têm sua utilização
baseada em experimentações em homens sãos e sensíveis, através de estudos bem
fundamentados e, atualmente, passou do campo do empirismo para o campo das
pesquisas clínicas e pré-clínicas, dentro da metodologia científica vigente.
Ou seja, um medicamento homeopático é um remédio, e apenas o
médico homeopata está habilitado a prescrever um medicamento homeopático.
O tratamento homeopático é mais
uma possibilidade que o médico pode utilizar em benefício de seu paciente
Hoje, como parte da Medicina Integrativa, o tratamento homeopático é mais uma
possibilidade que o médico pode utilizar em benefício de seu paciente, muitas
vezes de forma isolada e, em outras, conjuntamente a alternativas terapêuticas
éticas, reconhecidas, como a acupuntura, a alopatia e a fitoterapia.
Afinal, a medicina, que é a arte ou ciência de prevenir, curar ou
atenuar as doenças, tem como seu principal foco de atuação a qualidade de vida
e saúde de um ser único, individual e integral, independente de idade, sexo,
raça ou credo. Todos os esforços devem ser direcionados em prol da promoção à
saúde desse ser, para atingir o seu equilíbrio, com qualidade, de uma forma
suave, gradual e duradoura.
A VERDADEIRA HISTÓRIA DA HOMEOPATIA NO BRASIL
Todos nós aprendemos que o médico francês Dr. Benoît Jules Mure foi o introdutor da homeopatia no Brasil.
Mais conhecido entre nós brasileiros como Bento Mure, era filho de ricos comerciantes de seda de Lyon e, em 1833, Benoît Mure foi acometido de tuberculose, e salvo pelo médico homeopata Conde Sebastien Gaeten Salvador Maxime Des Guidi (1769 – 1863), discípulo de Samuel Hahnemann, o primeiro homeopata da França e introdutor da homeopatia em Lyon. Após a cura, Bento Mure dedicou-se ao estudo da homeopatia, formando-se na Faculdade de Medicina de Montpellier, uma escola de medicina de tradição vitalista. Teve contato com Dr. Samuel Hahnemann em Paris e com ele manteve correspondência.
Bento Mure chegou ao Brasil em novembro de 1940. As tinturas e as substâncias utilizadas em Homeopatia vinham da Europa e os próprios médicos manipulavam-nas devido à inexistência de farmácias especializadas na época.
Mure anuncia no Jornal do Comércio de 25 de janeiro de 1843, a fundação em 15 de novembro de 1842 da Escola Suplementar de Medicina e Instituto Homeopático do Saí, essa, portanto, teria sido a primeira escola de homeopatia do Brasil.
Numa correspondência datada de 5 de dezembro de 1842, publicada no Jornal do Comércio de 30 de janeiro de 1843, Mure dá notícias da recém fundada escola no Saí:
“De toda parte médicos e doentes vêm aqui procurar conhecimentos e socorros. Lancei em proveito dos estudantes e médicos que querem completar os seus estudos as bases de um ensino sério e profícuo, do qual as Províncias de Santa Catarina e São Paulo começam a colher frutos”
Porém, alguns estudiosos duvidam de que essa escola tivesse mesmo existido. Trabalhos mais recentes dão conta da inexistência de registros sobre a escola na documentação levantada sobre a colônia.
Em 10 de dezembro de 1843, Mure e Vicente José Lisboa criam o Instituto Homeopático, aquele que seria o centro difusor da homeopatia no Brasil, criado justamente com essa finalidade. Nesse mesmo dia foi aberto o consultório homeopático da Rua São José, nº 59, sede do Instituto.
“Nós e quem por convite nosso se nos unir constituir-nos-emos em sociedade denominada Instituto Homeopático do Brasil, a fim de propagar a homeopatia em proveito das classes pobres. Os meios são o ensino, as publicações, as experiências e a prática dessa ciência, a preparação dos medicamentos e as experiências no homem são”
Resumindo, convencionalmente temos que:
1840 – Benoit Jules Mure – Rio de Janeiro – Brasil (21/Nov)
1841 – Primeiro artigo de homeopatia publicado no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro
1842 – Escola Suplementar de Medicina e Instituto Homeopático do Sahy – Santa Catarina
1843 – Retorno ao Rio de Janeiro, auxiliado por João Vicente Martins.
1843 – Instituto Homeopático do Brasil.
1843 – Primeiro consultório médico homeopático.
1845 – Início do Curso de Homeopatia da Escola Homeopática do Brasil, proposta por João Vicente Martins (1 2/Jan)
1846 – Governo Imperial confere certificados de conclusão de curso.
1859 – Instituto Hahnemanniano do Brasil (IHB) na cidade do Rio de Janeiro.
Essa narrativa é conhecida por todo médico homeopata e ensinada em todo curso de especialização do Brasil. Mas será que Bento Mure foi realmente o introdutor da Homeopatia no Brasil?
A história por trás da história
Em 1829 o médico homeopata escocês, Dr. Tomaz Cochrane, formado pela Universidade de Londres, chega ao Rio de Janeiro.
No ano de 1836 o Dr. Frederico Emílio Jahn defende tese na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, expondo a doutrina Homeopática:
Em seguida, Dr. Duque-Estrada aprende homeopatia com Jahn. Gradua-se em 1833, e se especializa na Europa em 1843.
Dr. Souto Amaral também já prescrevia Homeopatia no ano de 1840, ano da chega do Dr. Bento Mure ao Brasil.
Dr. Emilio Germon, médico francês, mudou-se para o Brasil em 1823, para pesquisar história natural a convite do Ministro José Bonifácio de Andrada. Em seguida retorna à França, onde aprende Homeopatia com Dr. Samuel Hahnemann. Retorna ao Brasil em 1837 para praticar Homeopatia. Publica a Primeira edição do Manual de Homeopathia em 1843, e produz 2.000 unidades que foram esgotadas.
Foto da segunda edição do Manual de Homeopatia do Dr. Emilio Germon, de 1848:
Fonte:http://doutorlucashomeopatia.com.br/2018/09/18/a-verdadeira-historia-da-homeopatia-no-brasil/
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