PROTOCOLO DA ABRAH –
PANDEMIA COVID-19
24/03/2020
Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência
em Homeopatia – ABRAH
Clinica de Homeopatia – Hospital Servidor Público
Municipal São Paulo (HSPM)
Rua Castro Alves 60, 9o andar
Liberdade – CEP 01532-900
São Paulo SP.
CNPJ 03.377.457/0001-08
23 de março de 2020
PROTOCOLO DA ABRAH – PANDEMIA COVID-19
O grupo de pesquisa em homeopatia constituída por
médicos, dentistas, veterinários e
farmacêuticos da ABRAH – Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência em
Homeopatia,
reunido em 21/03/2020 via videoconferência com representantes do Rio de Janeiro
e de São
Paulo, discutiu os principais pontos relacionados à atual pandemia do COVID –
19, baseando-se
no entendimento do modelo dos Sistemas Complexos de Carillo na Homeopatia
Clássica
Sistêmica.
Introdução: No final de 2019,
o novo Coronavírus foi nomeado como SARS-CoV-2, sendo este,
o agente causador de uma série de casos de pneumonia na cidade de Wuhan
(China). Sabe-se que
é um vírus com alta transmissibilidade (virulência) e provoca quadros que vão
desde
assintomáticos ou com síndrome respiratória leve (cerca de 80%) até casos muito
graves com
insuficiência respiratória (entre 5 a 10%). Sua letalidade varia,
principalmente, conforme a faixa
etária e comorbidades. A média de idade dos pacientes acometidos segundo estudo
Chinês é de 47
anos, sendo que 0,9% desses tinham menos de 15 anos (provavelmente a incidência
nesta faixa
etária está subestimada devido aos casos assintomáticos). Os principais
sintomas segundo esse
mesmo estudo foram: febre que apareceu em 43,8% dos pacientes na admissão mas
evoluiu em
88,7% durante a internação. Tosse em 67,8% dos casos, náusea ou vômito em 5,0%
e diarréia em
3,8%. Um outro artigo descreve como principais sintomas: febre (72%), tosse
(83%), dor de
garganta (61%), rinorréia pouco frequente, mialgia e fadiga.
Até o presente momento ainda não há possibilidade terapêutica de medicações
alopáticas,
preventivas ou curativas, e ou vacina para o COVID-19.
A homeopatia já foi utilizada com excelentes resultados nas grandes epidemias e
pandemias desde
o século XIX. No Brasil, merece destaque o bom resultado da homeopatia no
controle de uma
epidemia de dengue no estado do Rio de Janeiro em 2007.
Na teoria Clássica da Homeopatia, Hahnemann na classificação de doenças,
descreve dois tipos
de doenças coletivas: uma de caráter esporádico e outra de caráter epidêmico.
As esporádicas teriam a característica de acometer um número limitado de
pessoas e seriam
desencadeadas por agentes maléficos ou influências meteorológicas. O autor se
refere a doenças
sazonais como resfriados e gripes.
As doenças coletivas de caráter epidêmico costumam ser contagiosas, febris,
terminando por
resolução espontânea ou óbito. Não dependem da doença crônica e não beneficiam
o organismo,
podendo deixar sequelas. São passíveis de tratamento pela lei dos semelhantes,
segundo os
conceitos de Gênio Epidêmico (conjunto de sintomas frequentes em uma mesma
população
acometida por uma epidemia) e Gênio Medicamentoso (medicamento que cobre a
totalidade
sintomática do gênio epidêmico).
No entendimento da Homeopatia Clássica Sistêmica idealizada pelo Prof. Dr.
Romeu Carillo
Junior, as doenças epidêmicas são classificadas como Instabilidade de Origem
Mista e teriam
como desencadeantes; a imaturidade natural do sistema (fatores intrínsecos ao
indivíduo) e
deficiências de relações entre diferentes níveis e padrões de organização
(fatores extrínsecos ao
indivíduo). Estes fatores equivalem-se no desencadeamento do processo de
adoecimento.
O Gênio Medicamentoso atuaria na autorregulação favorecendo uma melhor resposta
do
organismo frente ao vírus.
Devido à grande variedade de manifestações clínicas no COVID – 19, além do
Gênio
Medicamentoso, optamos por ampliar a abordagem homeopática, definindo alguns
medicamentos
circunstanciais, que contemplam os principais sintomas agudos, nas diferentes
fases da doença e
devidamente modalizados.
Objetivo: O presente
trabalho tem como objetivo discutir a Pandemia do Covid-19 sob a ótica da
Homeopatia Clássica Sistêmica e propor um Gênio Medicamentoso bem como sugerir
medicamentos circunstanciais que abranjam o tratamento do quadro agudo.
Material e Método: Levantamento bibliográfico sobre a pandemia do Covid-19 nas
plataformas
digitais das principais revistas médicas e revisão teórica do conceito de
doença na visão da
homeopatia clássica sistêmica e seu fluxograma de tratamento.
Discussão: A Homeopatia
está apoiada em dois pilares: a possibilidade de substâncias alterarem o
estado de saúde e a capacidade de cura através da aplicação dessas substâncias
segundo a
semelhança encontrada com o estado de doença. Entende-se como medicamento
homeopático
toda aquela substância que produz alterações da saúde, isto é, alteração dos
processos fisiológicos,
uma vez que estes, em perfeita função, mantém o indivíduo em equilíbrio e,
portanto, saudável .
Estas alterações da saúde se manifestam por sintomas. Esta propriedade é que
torna possível a
terapêutica homeopática.
Hahnemann percebeu claramente as diferenças entre o comportamento das doenças e
classificouas
com base no Modelo Vitalista Ternário, onde a Força Vital é a única responsável
pela harmonia
das sensações e funções do organismo.
A classificação das doenças fundamentada no Modelo dos Sistemas Complexos de
Carillo, está
baseada no conceito de prevalência entre os fatores intrínsecos e extrínsecos
e, de certa forma,
corrige alguns vieses do Modelo Vitalista. Para esse mesmo modelo, quem faz a
ligação do
medicamento homeopático com o organismo é a autorregulação por intermédio de
receptores. A
instabilidade da saúde (doença) acontece quando a autorregulação não consegue
manter as
constantes internas e isso aparece como manifestações clínicas. Segundo
Carillo, as doenças não
são apenas consequências de nossas susceptibilidades ou erros inatos, sejam
eles biológicos,
psicológicos ou espirituais, nem muito menos exclusivamente decorrentes de
fatores ambientais,
dietéticos, tóxicos ou infecciosos, mas sim da combinação deles.
No Modelo dos Sistemas Complexos encontram-se 8 elementos do sistema
absolutamente
relacionados em qualquer circunstância. Dessa forma, muito embora a
Autorregulação seja a
responsável direta por manter o organismo em harmonia, encontra-se sempre na
dependência dos
outros sete elementos. O Padrão de Organização é o elemento que determina as
características
essenciais do Sistema assim como configura as relações entre seus componentes
(biótipos,
temperamentos e diáteses) determinando sua individualidade (identidade).
Na Covid-19 os principais temperamentos acometidos são o biliar (25-60 anos) e
o atrabiliar (>60
anos). No temperamento biliar e atrabiliar, nos indivíduos com hipersuprarenalismo
funcional
(hipertensos, diabéticos) a presença do vírus age como gatilho de estado
inflamatório extremo,
com intensa hemofagocitose no sistema mononuclear fagocitário notadamente
hepático. A
vulnerabilidade desse sistema resulta em quadros febris inespecíficos,
citopenia e
comprometimento pulmonar (teoria imunológica do tuberculinismo desenvolvida por
Carillo).
O temperamento linfático (0-9 anos) e começo do temperamento sanguíneo (10-15
anos), são
faixas etárias com maior plasticidade e sistema imunitário pouco desenvolvido
quanto à defesa
humoral e desenvolvido quanto à função dos órgãos linfáticos (defesa celular)
parecendo ser um
fator “protetor” relacionado à instalação desse vírus. Outro fator seria que
nessa faixa etária, por
estarem mais frequentemente expostas às infecções virais, o sistema imunológico
estaria mais
apto a acionar mecanismos de defesa para debelar o vírus.
Gênio Medicamentoso:
Diante dessas análises será proposto como Gênio
Medicamentoso como descrito por Hahnemann para a pandemia provocada pelo
covid-19, o medicamento homeopático China officinalis, segundo
patogenesia (estudo fisiopatológico experimental em humano) que será descrita a
seguir.
A posologia recomendada da China officinalis 6
CH líquido – 6 gotas 1 vez ao dia por no máximo 6 meses
Levantamento de algumas Matérias Médicas de China officinalis
1.
MM Kent
Respiração difícil, sacudindo e enchendo o peito de
muco; asma. “Pressão no peito, a partir de violenta corrida de sangue;
palpitações violentas, espadas sangrentas, prostração súbita”. Tosse seca e
sufocante à noite; suores noturnos profusos. Dor no peito, aumentando a
sensibilidade ao frio, calor e vermelhidão do rosto com as mãos frias.
2.
MM Boericke
Gripe, com debilidade. Não consegue respirar com a
cabeça baixa. Respiração lenta e trabalhosa; asfixia constante. Catarro
sufocativo; violenta, tosse seca após cada refeição. Hemorragia de pulmões.
Dispneia, dor aguda no pulmão esquerdo. Asma; pior clima no úmido.
3.
MM Clark
Rouquidão, fala indistinta e voz baixa ao cantar,
em consequência do muco difícil de se destacar da laringe. Tiroteios e
raspagens na laringe. Sensação de dor na laringe e traqueia. Tosse
curta e seca, como se fosse produzida pelo vapor de enxofre, pela manhã, depois
de subir. Tosse noturna sufocante, com dores no peito e nas omoplatas,
para extorquir gritos. A tosse agrava à noite, ou depois da meia-noite;
por rir; por continuar falando; ao deitar-se com a cabeça baixa; tocando
levemente a laringe; por uma corrente de ar, depois de acordar; pela perda de
fluidos. Tosse com expectoração difícil de muco viscoso de cor clara; choques
dolorosos nas omoplatas; vômitos por tosse convulsiva, tendência a vomitar.
Tosse provocada por rir, beber, comer, falar e respirar profundamente, bem como
pelo movimento. Expectoração de muco esbranquiçado, misturado com partículas
enegrecidas. Supuração dos pulmões após hemoptise com pontos no peito que
são agravados por pressão. “Ao tossir a expectoração estava manchada de sangue”.
Expectoração de material purulento na tosse. Pressão no peito
durante a tosse e dores por escoriações na laringe. Espasmo da glote. Grande
congestão no peito e palpitações violentas do coração.
4.
MM Hering
Voz rouca profunda por muco aderente. Sensação
dolorida na laringe e traqueia. Gripe com debilidade, perda de apetite, calor
sem sede. Asma, “parece que está morrendo”; pior outono, tempo chuvoso ou após
um esgotamento. Não consegue respirar com a cabeça baixa. Chiado. Opressão do
peito; também à noite; deitado. Ataques noturnos sufocantes; tosse espasmódica.
Catarro sufocante e paralisia de pulmões de pessoas idosas. Chocalhar no peito;
sons altos pelo nariz. Inspiração lenta, difícil; expiração rápida, soprando,
curta. Edema glote. Opressão do peito, como plenitude do estômago. Respiração
fria.Com dor na laringe e no esterno; com dor em toda a cavidade do peito.
Tosse com expectoração granular durante o dia ou a noite. Tosse noturna seca,
espasmódica ou sufocante, a partir de vapor de enxofre, com vômito bilioso.
Tosse primeiro seca e dolorosa, depois com expectoração sanguinolenta. Tosse
piora: deitado com a cabeça baixa ou sobre o lado esquerdo; em movimento;
respirando fundo; conversando; rindo; comendo; bebendo; à tarde ou depois das
12h; tocando levemente a laringe; por perda de fluidos; depois de ser acordado.
Ruídos respiratórios altos e grosseiros, grande debilidade, anemia; edema das
pernas. Pneumonia após hemorragia, sangramento ou com sintomas biliosos; ou
gangrena incipiente. Pressão no peito a partir de violenta perda de sangue, com
palpitações violentas; escarro sanguinolento; prostração repentina. Supuração
de pulmões. Não pode suportar percussão ou mesmo ausculta, peito muito
sensível. Hemoptise com subsequente supuração dos pulmões. Calafrio precedido
por palpitações, ansiedade e fome. Frio violento interno, com mãos e pés
gelados e congestão de sangue na cabeça. Frio e calor alternando à tarde.
Calafrios fugitivos nas costas, tendência a suar ao se cobrir. À noite na cama,
ele não consegue se aquecer. Quer estar perto do fogão, mesmo assim aumenta a
sensação de frio. Calor geral, com veias distendidas. Calor do rosto, com corpo
frio. Durante a febre: sede apenas de bebida gelada; desejo de descobrir;
aversão à comida; dores no fígado, peito, costas, membros. Suor debilitante,
noite ou manhã; profuso; parcial, frio ou abundante, com sede; gorduroso; do
lado em que se encontra. Durante o suor, aumentou a sede. Calor do rosto,
com corpo frio. Suor profuso, manhã e noite. Febre com boca seca, lábios
ardentes; rosto vermelho, delírio; frio quando descoberto; dores nos membros.
Febre aguda, com suores profusos. Febre tifoide. Dor em todas as articulações,
ossos, periósteo, como se estivesse esticada. Dores com claudicação ou fraqueza
das partes afetadas.
Medicamentos Circunstanciais:
No que tange à higienização e desinfecção da
cavidade oral de rotina, sugerimos o uso da Calendula officinallis 2DH – 10
gotas em ½ copo de d’agua morna. Fazer bochecho cuspir e depois gargarejar 3 x
ao dia.
Quanto à abordagem dos sintomas agudos provocados
pelo covid-19, em função da grande variabilidade dos mesmos, serão
propostos os seguintes medicamentos:
- Ferrum
phosphoricum 6 CH
- Gelsemium 6CH
- Justicia
adhatoda 6CH
- Senega 6CH
- Carbo
vegetabilis 6CH
Na posologia de 6 gotas 3 vezes ao dia até melhora
sintomática.
Na primeira fase da doença:
- Ferrum
phosphoricum – febre vespertina, mediana, congestão nasal, dor na
garganta, faringe hiperemiada, suor noturno esgotante.
- Justicia
adhatoda – febre, taquicardia, coriza copiosa com secreção fluida e
irritante, anosmia, tosse sufocativa paroxística, muitos ruídos
brônquicos, sem expectoração.
- Gelsemium
– febre alta, coriza e lacrimejamento ocular com pouca sede; fadiga,
transtorno por ansiedade e pânico, situação comum observada nas pandemias.
Na fase com sintomas pulmonares:
- Senega
– fraqueza geral, tosse frequente, violenta; respiração ruidosa, acúmulo
de mucosidade nos brônquios.
- Carbo
vegetabilis indicado nos casos onde se observa
evolução para dispnéia com queda da saturação O2.
Conclusão: O estudo da
pandemia do covid-19 na concepção da Homeopatia Clássica Sistêmica é uma
instabilidade do sistema de origem mista, isto é, de origem coletiva e
epidêmica. Essas doenças comprometem massas compactas de indivíduos e afetam o
estado geral de forma mais importante. Os medicamentos homeopáticos devem corresponder
aos sintomas coletivos, isto é, para cada tipo de epidemia, um tipo de
medicamento, o que Hahnemann chamava de Gênio Epidêmico e Gênio Medicamentoso.
O medicamento sugerido seguindo o conceito de Gênio
Medicamentoso foi a China officinalis e
como medicamentos agudos o Ferrum
Phosphoricum, Gelsemium, Justicia adhatoda , Senega e Carbo
vegetabilis, assim como higienização e
desinfecção da cavidade oral com Calendula officinallis 2 DH.
Essa teoria está calcada numa concepção de doença
imaterial e do ser vivo como complexo, organizado e sistêmico, o que,
necessariamente, implica na existência de uma estrutura física, que deve ser
igualmente considerada.
Ainda com relação à doença, esta não é vista como
um mal em si, mas como um movimento do organismo no sentido de retornar ao
estado de equilíbrio perdido, sem deixar de considerar as possibilidades de
provocar lesões orgânicas ou mesmo a morte. Tratar homeopaticamente, portanto,
é auxiliar o processo, tornando-o mais rápido, suave e eficaz.
Participantes do Grupo de Pesquisas da ABRAH
Romeu Carillo Jr – In memoriam
Maria Solange Gosik
Maria Filomena Xavier Mendes
Adriana Passos Oliveira
Danielle da Silva Barbas
Domingos José Vaz do Cabo
Hristos Strastis
Isabella Sebusiani Duarte Takeuti
Leila Cristina dos Santos Mourão
Letícia Marília de Almeida Werneck dos Santos
Maria Luiza Delavechia
Marina Xavier da Cunha
Raquel Bruno Kalile
Renata Rodrigues Garcia Lino
William Brunelli
#separadosmaispróximos
Abrah fazendo a diferença
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Fonte: https://www.abrah.org.br/2020/03/protocolo-da-abrah-pandemia-covid-19/
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